Com a baixa do Guaíba, que recuou hoje para 4,55 metros no cais Mauá e atingiu o menor nível desde o ápice da inundação, houve diminuição do nível da água no centro histórico de Porto Alegre. Com isso, o comércio já projeta reabrir as portas, embora parte da região ainda esteja sem energia, desligada por segurança a pedido da Defesa Civil. O dia amanheceu ensolarado. À tarde, o tempo ficou nublado, mas não houve chuva.
Na rua Doutor Flores, a água recuou cerca de 50 metros na via, segundo relato de comerciantes e moradores. “A altura do nível da água baixou 70 centímetros de um dia para o outro. Sei disso porque fiz a medição”, disse Ismael Simões, 35, que faz a segurança em uma galeria na rua Voluntários da Pátria, que ainda está alagada.
“No ápice da enchente, eu entrei com água pelo pescoço para retirar o que tinha no freezer. A água baixou muito e agora já quero reabrir. Se precisar, aparece nos próximos dias na minha lancheria. Eu faço a melhor comida da praça.”
-Tatiane Monteiro, comerciante
Dono de uma loja de artigos femininos, o comerciante Fabiano Cardoso, 44, disse que só perdeu móveis. A loja dele fica a poucos metros do ponto de alagamento na rua Doutor Flores. Com a redução da água, ela estava sendo higienizada por funcionários hoje à tarde. “Entrou mais de 50 centímetros de água. Agora, a situação está bem melhor. Já quero que a loja reabra nos próximos dias”.
Embora tenha se impressionado ao ver pela primeira vez com os próprios olhos a enchente no centro histórico, o motorista Alexsandro Machado, 35, já espera por dias melhores. “Bah, que loucura isso aqui. Ver o tamanho do estrago de perto impressiona e é triste. Mas agora é correr atrás do prejuízo”.
O vigia Alexandre Ferreira da Rosa, 38, compara o cenário atual com o que viu no auge da enchente. “Já vi até peixe aqui”.
Para evitar saques, seguranças são vistos pelo local. Um deles estava sentado no segundo piso de um estabelecimento durante a tarde deste sábado. Outros vigias também entravam no local onde a água baixou para evitar saques.
Herculano Barreto FilhoDo UOL, em Porto Alegre.