Nas férias escolares de julho, as praças de João Pessoa passam a ser uma boa opção de lazer para ocupar o tempo livre das crianças e adolescentes e buscar reduzir a exposição excessiva dos jovens ao tempo dedicado ao celular, notebook, tablet ou televisão. A capital paraibana conta com aproximadamente 200 praças espalhadas por toda a cidade, nas quais crianças e jovens de todas as idades podem se divertir praticando skate, corrida, bike ou simplesmente fazendo novos amigos. Tudo para aproveitar o recesso escolar e deixar as ‘telas’ de lado por algumas horas.
“A prática de atividades físicas pode ser uma aliada importante para a saúde física e mental, somada ao estímulo de uma alimentação mais saudável, qualidade do sono, bem como buscar fortalecer o vínculo familiar entre pais e filhos. Tudo isso melhora não só o condicionamento físico, como o emocional da criança e do adolescente”, destaca a educadora física, Camila Kissia. Para ela, a prática de atividade física, em especial ao ar livre, como em praças públicas, parques ou na praia, é fundamental para que as crianças e adolescentes se mantenham saudáveis.
Segundo a educadora física, uma boa opção para pais ou responsáveis é se reunirem em uma das inúmeras praças da cidade e organizarem brincadeiras ao ar livre em grupo, como as tradicionais ‘esconde-esconde’, ‘pega-pega’, ‘morto-vivo’, ‘amarelinha’, ‘corrida do saco’, ‘pula corda’, entre tantas outras. “Brincando dessa forma os participantes podem ter melhora no condicionamento cardiorrespiratório, redução da ansiedade, fortalecimento da musculatura de braços e pernas trabalhando as articulações, sem contar que ajudará na socialização”, reforça Camila.
Heitor Máximo de Oliveira é um garoto encantador de 7 anos. Nas férias, tem frequentado sempre a Praça da Paz, no bairro dos Bancários, na companhia do pai, João Oliveira. “A gente vem sempre aqui para andar de bicicleta, de skate, malhar e jogar bola”, conta. Heitor fala que quando anda de bicicleta gosta da natureza e de sentir o vento na pele.
O pai de Heitor, que é funcionário público, recomenda aos pais a ida às praças nessas férias escolares. “Nós costumamos vir aqui na Praça da Paz e também no espaço ao lado da Escola Aruanda, além da praia, para ele brincar e fazer atividades ao ar livre”, revela.
Dolores Nascimento, administradora de empresa, e o marido, levam o filho, de quase 3 anos e a afilhada, de 7 anos, para passear, brincar e andar de bicicleta vários dias na semana. “João Pedro não faz uso de tela e é esperto e comunicativo. Nina pode apenas uma hora por dia para ver desenho animado, mas mesmo assim ela nem usa, prefere brincar, andar de bicicleta, desenhar ou ler, ainda mais agora que está de férias da escola”, disse.
Para ela, é importante manter as crianças conectadas com a natureza, principalmente no período de férias. “Mantemos as crianças com atividades como música, arte, esporte, com restrição ao uso de telas como celular, tablet e TV, com exceção para filmes”, conta.
A enfermeira Fabíola Brito, mãe de dois filhos, Isabelli, de 7 anos e Renato, 16 anos, e moradora do bairro Castelo Branco, também tem perto de casa várias praças públicas. Segundo ela, as crianças vão sempre para as praças, principalmente nesse período de férias. “Renato já retornou as aulas na Escola Olívio Ribeiro, mas Isabelli ainda terá alguns dias de folga para brincar. Ela e as primas são privilegiadas já que aqui no bairro tem várias praças públicas”, revelou.
De acordo com a psicóloga Fabiana Coutinho, da Policlínica Municipal do Cristo, as atividades físicas ao ar livre ajudam no desenvolvimento das crianças. “Elas tendem a melhorar, significativamente, principalmente nas questões voltadas para as habilidades sociais, memória e as relações pessoais”, destaca. Ela sugere que, independente das férias, é importante o incentivo à prática de esportes e jogos de tabuleiros para estimular o raciocínio das crianças.
“Estudos demonstram inúmeros problemas relacionados à exposição excessiva de crianças e adolescentes às ‘telas’, devido ao uso indiscriminado e sem limites. Um dos prejuízos ao uso excessivo das ‘telas’ é a dependência digital, além de problemas visuais (miopia), postural, auditiva, prejuízo nas relações interpessoais e dificuldades de manter uma interação social”, alerta a psicóloga.
“Infelizmente alguns pais, por terem uma rotina muito corrida, utilizam das telas para distrair as crianças, deixando de adotar em sua rotina atividades lúdicas e saudáveis para estimular o desenvolvimento da parte motora e cognitiva das crianças. Na adolescência, pode se observar um aumento na ansiedade, depressão, transtornos alimentares, suicídio, problemas com o sono e como também a dificuldade de interagir”, afirmou Fabiana Coutinho.
Ângela Costa
Fotos: Kleide Teixeira